A luta contra as alterações climáticas tem-se intensificado nos últimos anos e uma das abordagens necessárias, quando combinada com outras complementares, prende-se com a remoção de carbono (CO2) em ambientes urbanos.
Na passada quinta-feira, 10 de julho, a Rede Cidades pelo Clima dinamizou o primeiro workshop de Remoção de Carbono, apresentada pela Dra. Joana Portugal Pereira, que discutiu este tema e apresentou estratégias para alcançar a neutralidade climática nas cidades.
Estas são as 5 principais aprendizagens desta primeira sessão:
1. Reduzir as emissões e ter uma estratégia de remoção de dióxido de carbono (CDR) são cruciais para alcançar a neutralidade climática. As trajetórias de mitigação projetadas pelo IPCC indicam a necessidade de reduzir as emissões de CO2 em 50% até 2030 e atingir a neutralidade de carbono até 2050, o que requer a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, a expansão das energias renováveis e a implementação de tecnologias de sequestro de carbono nos setores de difícil descarbonização.
2. Os setores de difícil descarbonização enfrentam desafios técnicos específicos que exigem soluções inovadoras. Indústrias como a siderurgia e a cimenteira recorrem a processos que emitem grandes quantidades de CO2. Por outro lado, o transporte pesado ainda depende da alta densidade energética dos combustíveis fósseis e a indústria petroquímica produz químicos e plásticos a partir de petróleo e gás. Por último, e embora essenciais para a segurança alimentar, a agricultura e a pecuária emitem gases com efeito de estufa com elevado potencial de aquecimento global.
A redução das emissões de carbono destas indústrias requer o desenvolvimento e implementação de tecnologias avançadas, para além de investimentos substanciais em infraestrutura, o que se apresenta como um grande desafio.
3. A implementação de Soluções Baseadas na Natureza (SbN) responde à necessidade de remoção de carbono e também a outros desafios ambientais e sociais. Estas são abordagens inovadoras que utilizam processos naturais para enfrentar desafios desde as alterações climáticas à saúde humana e ao risco de desastres naturais. Estas soluções inspiram-se em ecossistemas naturais para proporcionar benefícios sustentáveis e multifuncionais. A criação de florestas urbanas, telhados verdes e a utilização de biocarvão na construção são exemplos da aplicação deste tipo de soluções que contribuem para a remoção de CO2. As SbN promovem a biodiversidade, combatem as alterações climáticas, aumentam a resiliência das comunidades e economizam recursos ao trabalhar com a Natureza em vez de contra ela.
4. Promover a captura e armazenamento de carbono (CCS) para transformar as cidades em sumidouros de carbono. Tecnologias como BECCS (Bioenergia com Captura e Armazenamento de Carbono) e DAC (Técnicas de Captura Direta do Ar) são essenciais para remover o CO2 atmosférico em larga escala e a sua aplicação em infraestruturas urbanas pode potencializar a capacidade de sequestro de carbono, contribuindo significativamente para a neutralidade climática.
5. Integrar políticas públicas de mitigação em ambientes urbanos exige uma abordagem multidisciplinar e tecnicamente robusta. Para enfrentar os desafios das alterações climáticas, é necessário coordenar diferentes políticas. A adoção de estratégias de construção sustentável, o desenvolvimento de transportes públicos eficientes e a gestão avançada de resíduos são medidas técnicas que podem reduzir significativamente a pegada de carbono urbana, promovendo a resiliência e sustentabilidade das cidades.
O primeiro workshop de Remoção de Carbono da Rede Cidades pelo Clima delineou caminhos claros e promissores para a neutralidade climática, destacando a abrangência das SbN e CDRs, abordando os desafios e as oportunidades para os municípios portugueses. A colaboração contínua e a implementação de estratégias inovadoras são essenciais para alcançar os objetivos climáticos e garantir um futuro sustentável para as nossas cidades.