Lisboa foi palco dia 3 de outubro, sexta-feira, de um encontro dedicado à mobilidade sustentável e à ação climática. Sob o Alto Patrocínio do Ministério do Ambiente e da Energia, a Cidades pelo Clima e a Ecomood Portugal promoveram, no Pavilhão de Portugal, o debate público sobre as 10 propostas da COP30 BikeRide, uma iniciativa cidadã que une ciclistas de 16 países em torno da bicicleta como instrumento de proteção climática.
O evento insere-se no percurso eurasiático da COP30 BikeRide, que reúne equipas a pedalar por África, América, Europa e Ásia, convergindo em Lisboa antes da partida simbólica rumo a Belém do Pará, no Brasil, onde decorrerá a COP30 em novembro de 2025.
Um encontro em torno da ação climática
O governante deu, assim, o tom de uma sessão dedicada à mobilização coletiva, ao compromisso político e ao papel dos cidadãos e das cidades na resposta à crise climática.
As cidades como motores da neutralidade climática
Seguiu-se Paulo Ferrão, Presidente Interino do Conselho da Missão da União Europeia para 100 Cidades Inteligentes e Neutras em Clima até 2030 e Presidente do IN+, que reforçou o papel central das cidades no processo de transição energética e climática.
Defendeu que são os territórios urbanos que concentram os maiores desafios, mas também as soluções mais inovadoras, destacando que o sucesso da neutralidade depende do envolvimento das comunidades locais.
Num gesto simbólico de coerência com a mensagem do encontro, Paulo Ferrão deslocou-se de bicicleta até ao Pavilhão de Portugal, sublinhando a importância do exemplo prático no incentivo à mudança de comportamentos.
Na sua intervenção, Gil Nadais, Secretário-Geral da ABIMOTA, destacou a relação essencial entre mobilidade sustentável e cidades: “A mobilidade não se faz sem cidades. É nas cidades que estão as pessoas e nós temos de trabalhar para as pessoas.”
Sublinhou que ainda há muito caminho a percorrer para que mais cidadãos adotem a bicicleta no quotidiano e apontou medidas simples, mas eficazes, como a redução da velocidade dentro das cidades, para tornar o espaço urbano mais seguro e confortável para ciclistas e peões: “Temos muito que caminhar. O ambiente não espera por nós”, concluiu.
Rui Dinis, fundador da Efeito Estufa, apresentou o enquadramento da próxima Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP30), que terá lugar em Belém do Pará, no Brasil. Recordou que todos os países terão de apresentar novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), num ciclo considerado crucial para manter viva a meta de 1,5°C do Acordo de Paris.
A bandeira das 10 propostas e o mensageiro da COP30 BikeRide
A sessão prosseguiu com a intervenção de Guillaume Otrage, embaixador da COP30 BikeRide.
Otrage destacou que esta iniciativa é muito mais do que uma viagem. É um movimento internacional de diálogo e compromisso, que une ciclistas, cidades e governos numa mesma missão: reduzir emissões e construir um futuro mais sustentável.
Durante a sessão, o embaixador anunciou que um dos elementos do grupo partiria já esta sexta-feira de Cascais, numa embarcação rumo ao Brasil, levando consigo a bandeira que simboliza as 10 propostas da COP30 BikeRide.
A bandeira — assinada pelo Secretário de Estado do Ambiente, João Manuel Esteves — foi entregue ao “mensageiro” da iniciativa, Antoine Polliand, que partiu depois de bicicleta rumo a Cascais, num momento de grande simbolismo e emoção, acompanhado por aplausos de todos os presentes.
Debate público: 10 propostas para acelerar a mobilidade em bicicleta
A manhã encerrou com um debate público moderado por Maria João Rodrigues, da Cidades pelo Clima, e António Gonçalves Pereira, da Ecomood Portugal e coordenador português da COP30 BikeRide.
O painel contou com a presença dos oradores, entidades reguladoras, associações de promoção da mobilidade ciclável, membros da comunidade COP30 BikeRide e da Cidades pelo Clima.
O diálogo foi marcado por consenso em torno da urgência da ação e pela partilha de boas práticas que demonstram como a bicicleta pode ser uma ferramenta de transformação ambiental, económica e social.
De Lisboa a Belém: uma mensagem que atravessa o Atlântico
A saída do mensageiro do recinto, pedalando desde o Pavilhão de Portugal até Cascais foi um dos momentos mais importantes da sessão pública. A partir dali, Antoine Polliand embarcou numa travessia transatlântica simbólica, transportando consigo a mensagem da sociedade civil e da comunidade ciclável até à COP30, em Belém do Pará.
O momento foi registado como um ato de esperança e compromisso, que traduz o espírito da COP30 BikeRide: cada quilómetro percorrido é um apelo à ação climática global, à cooperação entre povos e à valorização da bicicleta como aliada do planeta.
Sobre a COP30 BikeRide
A COP30 BikeRide é uma iniciativa cidadã internacional que liga ciclistas de quatro continentes num percurso rumo à COP30. O objetivo é promover a bicicleta como ferramenta de mitigação climática e transformação urbana, estimulando políticas públicas que integrem a mobilidade ativa nas estratégias nacionais e locais de descarbonização.
Em Lisboa, a etapa portuguesa contou com o apoio da Cidades pelo Clima e da Ecomood Portugal, reforçando o compromisso de Portugal com a ação climática e com uma mobilidade mais sustentável.
