
“Queremos justiça climática global, queremos a proteção dos direitos humanos, queremos uma transição energética justa, que não penalize os mais vulneráveis, e queremos a valorização da agroecologia como alternativa viável para enfrentar as crises climáticas e alimentares.”
É com estas pretensões claras que se apresenta a Cúpula dos Povos Rumo à COP30, uma articulação internacional de movimentos sociais, povos indígenas e tradicionais, comunidades locais, organizações de juventude, coletivos de género e de direitos humanos, que se posiciona de forma crítica face às negociações oficiais da COP30, a realizar-se em Belém, no Brasil, em novembro de 2025.
O que é a Cúpula dos Povos?
A Cúpula dos Povos é um espaço autónomo de mobilização e debate, criado para dar visibilidade às vozes frequentemente marginalizadas nos processos oficiais da ONU sobre clima. O movimento denuncia soluções de mercado e o greenwashing que adiam ações reais, defendendo políticas públicas centradas na justiça climática, na soberania alimentar e na proteção de territórios e comunidades.
Desde 2023 que mais de 700 organizações subscreveram a Carta Política da Cúpula dos Povos, que define as suas prioridades:
A Carta Política da Cúpula dos Povos define as suas prioridades e reivindicações:
- Transição energética justa, popular e inclusiva.
- Demarcação e regularização de territórios indígenas, quilombolas, pesqueiros e tradicionais.
- Defesa da soberania alimentar, com aposta clara na agroecologia, na produção familiar e na economia solidária e feminista.
- Combate ao racismo ambiental e à mercantilização da natureza.
- Valorização da participação das mulheres, jovens e comunidades tradicionais.
Presença ‘ao lado’ da COP30
Entre 12 e 16 de novembro de 2025, em Belém, a Cúpula organizará assembleias populares, marchas, atividades culturais, bem como feiras, em paralelo com a conferência oficial. Espera-se uma participação popular de mais de 15 mil pessoas, reunidas na Universidade Federal do Pará (UFPA), num evento paralelo à COP30. Estes encontros pretendem pressionar governos e decisores a assumirem compromissos ambiciosos e justos, alinhados com os limites planetários e com a urgência climática que já se faz sentir nas cidades e territórios.
A Cúpula dos Povos procura que as suas propostas sejam refletidas nos documentos finais da COP30, incluindo:
- Inclusão da agroecologia como alternativa central ao modelo agroindustrial.
- Políticas de desmatamento zero e recuperação de áreas degradadas.
- Produção de alimentos livres de agrotóxicos e apoio à agricultura sustentável.
- Garantia de acesso universal a água potável e saneamento básico.
- Políticas de adaptação climática para periferias urbanas e territórios vulneráveis.
Para as cidades portuguesas e europeias, estas mensagens são especialmente relevantes:
- A justiça climática lembra-nos que a neutralidade climática não pode ser alcançada à custa das comunidades mais vulneráveis.
- A agroecologia surge como alternativa concreta, reforçando a resiliência alimentar e climática nos territórios.
- A cooperação global é indispensável: nenhuma fronteira protege dos impactos da crise climática.