Relatório da EEA alerta para degradação ambiental e impactos crescentes das alterações climáticas na Europa

novo relatório da Agência Europeia do Ambiente (EEA), publicado a 28 de setembro, traça um retrato preocupante do estado do ambiente no continente. Apesar dos avanços registados na redução das emissões de gases com efeito de estufa, na melhoria da qualidade do ar e no aumento da eficiência no uso de recursos, a situação geral não é favorável, em particular no que toca à conservação da natureza e à perda de biodiversidade. 

Segundo a EEA, as alterações climáticas estão a intensificar-se num ritmo alarmante e colocam em risco a prosperidade económica, a segurança e a qualidade de vida dos cidadãos europeus. A Europa, sublinha o documento, é atualmente o continente que mais rapidamente aquece no planeta

Riscos para a competitividade e bem-estar 

O relatório evidencia que a degradação ambiental e as mudanças climáticas representam ameaças diretas à competitividade europeia, fortemente dependente de recursos naturais. A concretização da meta de neutralidade climática até 2050 exige uma gestão mais responsável da terra, da água e de outros recursos vitais. A resiliência de setores fundamentais, como a produção alimentar, o abastecimento de água potável e a proteção contra cheias, depende da capacidade de restaurar e proteger a natureza. 

As conclusões da EEA vão ao encontro das prioridades do Pacto Ecológico Europeu e da Bússola para a Competitividade da Comissão Europeia, que colocam a inovação, a descarbonização e a segurança no centro da agenda. 

Progresso e desafios 

O documento destaca que a União Europeia conseguiu reduzir emissões e o consumo de combustíveis fósseis, duplicando em simultâneo a quota de energias renováveis desde 2005. Também se registaram melhorias na reciclagem, na eficiência de recursos e na criação de emprego verde. 

Ainda assim, os desafios são significativos. A biodiversidade continua a diminuir em ecossistemas terrestres, de água doce e marinhos, pressionados por padrões de produção e consumo insustentáveis, sobretudo no setor alimentar. A pressão sobre os recursos hídricos já afeta um terço da população europeia, exigindo ações urgentes para manter os ecossistemas aquáticos saudáveis e reforçar a resiliência hídrica. 

O relatório recorda que, mesmo com esforços de mitigação ambiciosos, os impactos climáticos vão continuar a agravar-se. Ondas de calor, incêndios florestais e outros fenómenos extremos cada vez mais frequentes evidenciam a necessidade de acelerar a adaptação da sociedade e da economia, sem deixar ninguém para trás. 

Caminhos para a transformação 

Para a EEA, apenas uma transformação profunda dos sistemas de produção e consumo, através da descarbonização, da economia circular, da redução da poluição e de uma gestão responsável dos recursos naturais, permitirá inverter as tendências atuais. O reforço de soluções baseadas na natureza, a descarbonização dos transportes e da agricultura e a aposta em inovação verde e digital são apontados como passos decisivos para aumentar a resiliência europeia e garantir uma transição justa. 

Chamado à ação 

Na conferência de apresentação, Teresa Ribera, vice-presidente executiva da Comissão Europeia para a Transição Limpa, Justa e Competitiva, afirmou que o relatório é “um lembrete claro de que a Europa precisa de acelerar a sua ambição climática e ambiental”. 

“Proteger a natureza não é um custo, é um investimento em competitividade, resiliência e bem-estar”, destacou Ribera. “Adiar metas climáticas apenas agravaria os custos e as desigualdades”. 

Também Jessika Roswall, Comissária para o Ambiente, Água e Economia Circular Competitiva, reforçou que “a natureza saudável é a base de uma sociedade saudável e de uma economia competitiva”, apelando a que os governos “redefinam a relação entre ambiente e economia”. 

Um retrato quinquenal 

Este é o sétimo relatório sobre o estado do ambiente na Europa, produzido a cada cinco anos pela EEA em colaboração com a rede Eionet, que reúne especialistas e cientistas de 38 países. O documento oferece conhecimento científico sólido para apoiar políticas públicas e reforçar a ação climática e ambiental no continente.