Portugal mantém forte redução no consumo de gás, apesar do impacto temporário do apagão de abril 

Entre julho e setembro de 2025, Portugal reduziu o seu consumo total de gás natural em 39,4% face à média de referência de 2017–2021, segundo o mais recente relatório da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG)
Mesmo com um ligeiro aumento do uso de gás na produção elétrica, associado às medidas de prudência após o apagão de abril de 2025, o país mantém uma trajetória sólida de descarbonização e eficiência energética. 

Um aumento explicado por um evento excecional 

O relatório destaca que o aumento pontual do consumo no setor elétrico se deveu a fatores conjunturais, nomeadamente a necessidade de reforçar a segurança de abastecimento depois do apagão nacional ocorrido a 28 de abril de 2025, que afetou temporariamente a produção e distribuição de energia elétrica. 

Nessa altura, as centrais térmicas a gás natural — especialmente as Centrais de Ciclo Combinado (CCGT) — desempenharam um papel essencial para estabilizar o sistema elétrico nacional, compensando oscilações da produção renovável e assegurando a fiabilidade da rede. 

Mesmo considerando esse aumento momentâneo, os números de 2025 confirmam um declínio estrutural no consumo de gás em Portugal

  • −39,4% no terceiro trimestre (julho–setembro), comparando com a média de 2017–2021; 
  • −51,9% no setor elétrico
  • −28,7% no consumo convencional (indústria, serviços e setor residencial). 

No acumulado entre abril e setembro de 2025, a redução total foi de 36,9%, demonstrando que o país continua muito abaixo dos níveis de consumo pré-crise energética. 

Armazenamento e segurança energética em alta 

Portugal continua também a superar as metas europeias de segurança energética

  • O armazenamento subterrâneo do Carriço manteve-se entre 97% e 102% da capacidade comercial
  • O Terminal de GNL de Sines operou entre 42% e 62% da sua capacidade; 
  • As metas de enchimento da UE (90% até 1 de novembro) foram cumpridas com larga antecedência. 

Estes níveis demonstram uma gestão prudente e eficaz do sistema energético nacional, garantindo resiliência mesmo em cenários de stress como o de abril. 

Uma mudança estrutural em curso 

Apesar das variações trimestrais, o padrão é claro: Portugal consome cada vez menos gás natural
A redução resulta da expansão das energias renováveis, da melhoria da eficiência energética e de mudanças comportamentais e tecnológicas no setor industrial e residencial. 

O relatório da DGEG recomenda, ainda assim, a monitorização contínua do consumo, para avaliar em que medida esta redução já representa uma transformação estrutural e não apenas conjuntural. 

Leia o relatório na íntegra.