
A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) aprovou um projeto-piloto inovador que marca um passo decisivo para a descarbonização do setor da energia em Portugal. O ensaio, promovido pela REN Gasodutos, consiste na injeção de hidrogénio verde num troço da Rede Nacional de Transporte de Gás (RNTG), com vista a abastecer clientes da rede de distribuição em Braga com uma mistura de hidrogénio e gás natural.
Este projeto de investigação e demonstração enquadra-se no Programa H2REN e tem uma duração prevista de 18 meses. Está alinhado com as metas do Plano Nacional do Hidrogénio e com os objetivos europeus para a transição energética, nomeadamente a integração progressiva de gases renováveis nas redes de energia existentes.
A injeção será feita num segmento da RNTG, sendo o gás posteriormente veiculado pela rede da REN Portgás. Os clientes em Braga serão abastecidos com uma mistura que poderá conter até 10% de hidrogénio, percentagem compatível com os limites de segurança dos equipamentos de queima domésticos e industriais.
Objetivos e impacto do projeto
Entre os principais objetivos deste piloto estão:
- Avaliar, em ambiente controlado, o comportamento das infraestruturas de transporte e distribuição quando expostas a misturas com hidrogénio;
- Testar os procedimentos de coordenação entre operadores das redes para a injeção de gases renováveis;
- Validar o funcionamento de um novo sistema de controlo de qualidade do gás na rede de distribuição;
- Observar o desempenho de uma Estação de Mistura e Injeção (EMI), essencial para a incorporação de gases renováveis de forma segura e eficiente.
Durante todo o período do ensaio, a REN compromete-se a divulgar dados sobre a execução e os resultados obtidos, garantindo ainda o acompanhamento dos clientes envolvidos. A ERSE assegura que não são esperadas alterações no desempenho dos equipamentos usuais, dado que a mistura estará dentro dos parâmetros técnicos admissíveis.
Porquê é importante este piloto?
A transição para um sistema energético mais limpo depende da capacidade de integrar novas fontes renováveis nas infraestruturas existentes. O hidrogénio verde — produzido a partir de eletricidade renovável — tem sido apontado como uma solução-chave para setores de difícil descarbonização, como a indústria pesada e os transportes.
No entanto, a sua utilização em larga escala requer adaptações regulatórias, técnicas e operacionais. Este projeto-piloto surge como uma experiência fundamental para aferir a viabilidade da injeção direta de hidrogénio nas redes de gás, contribuindo com informação valiosa para a futura regulamentação e para a planificação de investimentos.